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Entorse de tornozelo

por | dez 15, 2020 | Traumatologia Esportiva | 0 Comentários

A lesão mais comum atendida no pronto socorro ortopédico é o entorse de tornozelo. Trauma que pode acontecer tanto durante uma simples caminhada, como também é muito comum durante a prática de atividade física, como uma partida de futebol.

As consequências possíveis deste trauma podem variar desde um simples estiramento ligamentar a até fraturas dos ossos locais, ou seja, a avaliação inicial consiste em um bom exame físico associado a uma imagem radiográfica em boa parte dos casos.

 

Antes de continuarmos, vamos explicar qual a estrutura do tornozelo!

A articulação do tornozelo é composta pelos ossos da perna (tíbia e fíbula) e pelo tálus (osso do pé). A tíbia e a fíbula formam uma pinça onde o talus se encaixa, e esta conformação óssea é mantida no lugar por um conjunto de ligamentos, que são compostos pelos ligamentos laterais, ligamentos mediais e pela sindesmose que é o complexo ligamentar que une a fibula e a tibia.

Como realizar a avaliação inicial do entorse de tornozelo?

 O mecanismo de lesão destas fraturas ou da entorse é muito parecido. A diferença é que,na entorse, o ligamento que está preso ao osso se rompe, ao passo que, nas fraturas, o ligamento fica inteiro e arranca um pedaço do osso. Clinicamente, o paciente apresenta dor e edema no local do ligamento acometido. Após alguns dias, é possível que apareçam áreas roxas na pele. Nos casos mais leves, os pacientes são capazes de andar normalmente, apresentando apenas um incômodo local; já nos casos mais graves, não são capazes de apoiarem o pé no chão, sendo necessária a utilização de muletas.

Descartada as fraturas, a imobilização temporária do tornozelo por, aproximadamente, cinco dias ajuda a esfriar o processo inflamatório agudo da lesão, de forma que uma reavaliação em um segundo momento será mais preciso para identificar o grau de comprometimento, sendo necessário exames de imagens complementar em alguns casos, tal como uma ecografia ou uma uma ressonância.

Para melhor pensarmos no tratamento, as lesões ligamentares são classificadas em três graus:

Grau 1 – estiramento do complexo lateral, sem lesão das fibras. Sendo bem comum que o paciente consiga andar com pouca dificuldade desde o trauma.

Grau 2 – lesão parcial das fibras ligamentares. Maior edema local e dificuldade moderada a impossibilidade de caminhar nos primeiros dias.

Grau 3 – lesão completa dos ligamentos. Grande edema local, incapacidade de caminhar, sendo persistente por dias a semanas.

 Depois de tudo isso, como vamos realizar o tratamento da lesão ligamentar de tornozelo??

Quase todas as lesões ligamentares de tornozelo podem ser tratadas sem algum procedimento cirúrgico, até uma lesão grau 3 pode cicatrizar adequadamente se for bem conduzida. Muitas vezes, a incapacidade inicial é recuperada em até cinco dias. Cada paciente terá uma evolução em tempo conforme a gravidade da lesão.

No início é realizado o repouso da articulação associada a compressas de gelo. Em muitos casos é feito a imobilização do tornozelo, com tala gessada ou bota ortopédica. Quando possível, é liberado o paciente caminhar com a proteção da bota ortopédica.

Após o período inicial, que pode variar de 03 a 10 dias, é iniciado o período de reabilitação, que consiste em retorno das funções normais do tornozelo, melhorando edema, força e mobilidade.

Quando o paciente já consegue se movimentar com nenhuma ou pouca dor, em muitos casos entramos na recuperação funcional, que consiste em iniciar treino para atividades específicas de cada paciente, como o retorno ao esporte ou mesmo ao trabalho.

Após a recuperação da função é importante utilizarmos uma imobilização protetora durante a atividade física, isto por um período de 30 a 90 dias, para evitarmos um novo trauma

 

Quando é realizado o tratamento com cirurgia??

Independentemente da gravidade da entorse do tornozelo, como regra geral a cirurgia é cada vez menos indicada. O tratamento cirúrgico na fase aguda se mostrou incapaz de reduzir o tempo de retorno ao esporte ou complicações como lesões na cartilagem articular ou instabilidade persistente.

Uma das poucas exceções a isso são as entorses com lesão grau 3 da sindesmose e com afastamento entre a tíbia e a fíbula na articulação do tornozelo. Além disso, a cirurgia pode ser indicada na presença de lesões associadas, como as lesões osteocondrais e a presença de fragmentos de cartilagem soltos dentro da articulação.

Por fim, sendo uma lesão muito comum, o entorse de tornozelo deve ser tratado e acompanhado corretamente, pois o resultado pode ser ruim se esta lesão for menosprezada.

Dr. Bernardo Ferreira da Luz (CRM/PR 24331 TEOT 13101) Médico Ortopedista, especializado em Traumatologia Esportiva
e Artroscopia do Joelho.

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Dr. Bernardo Ferreira da Luz

Dr. Bernardo Ferreira da Luz

CRM/PR 24331 RQE 16891 TEOT 13101. Formado pela UFPR, concluiu sua residência médica em Ortopedia e Traumatologia no Hospital de Clínicas e Hospital do Trabalhador.⠀ Possui especialização em Traumatologia Esportiva e Artroscopia do Joelho pela UFPR e participou de programa Fellowship em Cirurgia do Esporte em Lyon na França com Dr Bertrand Sonnery-Cottet.

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